Foto: Unsplash | Li Tzuni

Nós, pais, nos preocupamos com o bebê, vamos ao pré-natal com o obstetra, ao pediatra todo o mês e, de repente, nasce um dentinho. Várias dúvidas surgem a partir de então: escovamos os dentes? usamos pasta de dente?

Nos últimos posts falei sobre a escovação e do uso da pasta de dente. Vale lembrar: a recomendação para os cuidados orais desde o primeiro dente é a escovação com a pasta entre 1000 e 1450 ppm, em pequena quantidade. Mas tem um ponto que vai fazer a grande diferença: a qualidade da alimentação e o controle do horário. O biscoitinho inocente, o iogurte, os agrados deliciosos dos amigos e parentes, aquele açúcar adicionado ao chá e ao suco, a mamadeira pela madrugada afora…. Há muitos alimentos não indicados para o bebê que vão prejudicar a saúde como um todo. Estes tipos de alimentos quando ingeridos em alta frequência podem causar prejuízos também aos dentes.

A cárie dentária é hoje definida como uma doença biofilme – açúcar dependente. E é tida também como uma doença comportamental. Para a cárie acontecer basta a presença do dente, da placa bacteriana (hoje conhecida como biofilme e que é o conjunto de saliva, do resto de alimento que ficou sobre o dente e mais as bactérias) e do açúcar em alta frequência.

Se escovamos os dentes da criança de forma adequada, a propensão do aparecimento de cárie é menor. Porém, se ela ingere alimentos açucarados em alta frequência como, por exemplo, um leite de fórmula pela madrugada a dentro, ou “belisca” alimentos cariogênicos várias vezes ao dia,  passa a ter um alto risco à cárie.

Sempre que ingerimos alimentos açucarados, o ambiente bucal passa a apresentar um pH mais ácido, favorecendo a ação das bactérias da cárie. E pode haver então uma perda microscópica de cálcio do dente. Essa ação é neutralizada de forma benéfica pela saliva, devolvendo o cálcio ao dente. Por isso, é recomendado um intervalo de duas a três horas entre as alimentações da criança. E neste intervalo oferecer apenas água.

Também sabemos que a ingestão do açúcar acima do recomendado leva a pessoa à predisposição a várias doenças como diabetes, hipertensão, cardiopatia, obesidade. Hoje a Sociedade Brasileira de Pediatria e a de Odontopediatria preconizam, baseado em evidências científicas, que: a criança não deve ser exposta ao açúcar, dentro do possível, até os 1000 dias de vida. Esta contagem diz respeito à gestação, primeiro e segundo ano de vida. E fará diferença para toda uma vida.

Disciplina na alimentação e vamos rumo à geração zero-cárie!