Relato de Miriam Barreto fundadora do blog Na Pracinha

Se tem um assunto que assombra muitos pais, é a tal da chupeta. Dizem que usar bico é melhor do que chupar o dedo, mas depois que a criança “pega”, a angústia sobre como e quando “tirá-la” impera até que algo aconteça. Já falamos sobre isso aqui Na pracinha algumas vezes. Porque evitá-la, sugestões para abandoná-la. O fato é que, uma vez usado o bico, cortar o vício não é nada fácil. Negociar, jogar pela janela, sumir com o dito cujo, aproveitar uma viagem para tentar tirar (o “sair da rotina” dizem que funciona), até o “Balde da Chupeta”, que já apresentamos aqui, existe como estratégia.

Nos primeiros dias de vida da Sarinha, eu resisti bravamente para iniciá-la no “bubu” durante…uma semana. Quando alguém, percebendo meu desespero com um bebê que não parava de chorar, me convenceu a experimentar a chupeta, foi instantâneo: eu percebi aquele “passe de mágica” (do choro à calmaria total) e a filhota não largou mais o tal objeto de sucção. O único cuidado que eu tinha, era de sempre tirar o bico da sua boca depois que ela adormecia. No berçário, orientava também assim as auxiliares: bico é para dormir. Depois que dorme, pode tirar da boca.

Aí os meses foram se passando e a odontopediatra veio com a notícia: tente tirar a chupeta antes dos dois anos de idade, é o ideal. “Ok, até lá certamente ela já largou isso”. Um ano, um ano e dois meses, e seis meses, e nove meses – ó céus, lá vamos nós para os dois anos de idade com o bubu nos assombrando!

Um ano, um ano e dois meses, quase dois anos e nada de abandonar o bubu!
Um ano, um ano e dois meses, quase dois anos e nada de abandonar o bubu!

Foi então, minha gente, que algo aconteceu. Daquelas coisas que a gente não acha que vai acontecer, mas que parece surgir de forma espontânea, sem explicações. Era um domingo e eu estava trabalhando em um projeto de urgência fora de casa. O marido me liga no meio da tarde: “olha, “aquela coisa” (porque a gente não fala o nome da coisa perto da pequena, para não lembrá-la do assunto) estragou. Parece que furou, não sei. Aí eu terminei de rasgá-la, mostrei a ela e expliquei que não temos outra e que essa não funciona mais. Ela parece que entendeu, vamos tentar passar a noite sem ela?” Uai, vamos. Mas por segurança, vou comprar outra na volta pra casa, vai que…

Mas quem disse que uma mãe exausta ia lembrar de passar na farmácia antes de ir pra casa em pleno domingo? Pois é, lá fui eu, chegar em casa e só perceber que não comprei o “bubu step” na hora de fazer a pequena dormir. Aí, já era. Vamos com fé e paciência. Ela demorou o dobro do tempo para dormir. Pediu o bubu várias vezes e a minha resposta era sempre a mesma: “mas o que aconteceu com o bubu hoje? Estragou, não foi?” Incrivelmente, ela parava de perguntar sem chororô. Até que, cansada de tentar que ela dormisse no meu colo, coloquei-a no berço ainda acordada e fiquei ao lado cantando, com as mãos apoiadas na beirada do berço. Algo muito curioso aconteceu: por duas vezes, ela levou sua mãozinha até as minhas, simulando estar pegando algo e colocou em sua boca, tudo “de mentirinha”. Logo em seguida, virou para o lado e dormiu.

Fui para o quarto com vontade de postar no blog imediatamente o que tinha acontecido chocada. Agora era aguardar para saber se ela acordaria no meio da noite dando uma crise de “quero bubu”. Mas para a minha surpresa, senhoras e senhores, eu acordei apenas no dia seguinte, sem acreditar que aquilo estava acontecendo.

Na agenda da escola, deixei um recadinho pedindo a ajuda das professoras, caso ela chorasse pedindo o bubu. Passei o dia no trabalho me remoendo de preocupação e curiosidade, sem saber se ela estava bem, se estava enjoadinha, chorando etc. No final do dia, busco a pequena e lá estava de volta o recadinho da alegria na agenda “Não pediu o bubu e dormiu bem”. Já dá pra postar Na pracinha?

Parece estranha essa empolgação, mas realmente a sensação é de gol em campeonato importante. Só que o final da partida seria apenas após alguns dias, quando eu tivesse certeza que ela conseguiria dormir sem precisar “daquela coisa” definitivamente.

Chegamos lá, pessoal. Estamos completando hoje duas semanas e meia de abstinência!

A cada dia, ela está se acostumando mais com a nova forma de dormir – e eu também. Já quase não pede o “objeto” e passa a entender que apenas fechando o olhinho, o sono vem.

Por isso, mamães e papais, tenham confiança. Essas estratégias – que sempre me pareceram estranhas – funcionam realmente. Vale experimentar.