Para agradar uma criança, nada mais comum que oferecer uma bala, um doce, um bombom. E para se referir a uma pessoa muito simpática e agradável ouvimos a frase: “como ela é doce!”.

Até onde o açúcar*, símbolo do afeto, também é o responsável pela cárie? E antes do açúcar industrializado? A cárie começou foi aí?

Vejamos então, num passeio aos nossos antepassados:

A cárie dentária acompanha os progressos das civilizações. Um exame de crânios pré-históricos do acervo de vários museus da América indicou que a porcentagem de dentes cariados variava de 2 a 7%.

Na Grécia, que tem uma grande e contínua história registrada, é possível comparar as proporções de cárie em crânios de indivíduos que viveram milhares de anos atrás com as épocas recentes. Uma média de 10% dos dentes examinados do período de 1700 a.C. a 300 d.C. estavam cariados. Com a entrada do século XX, 48% dos dentes examinados apresentavam-se cariados. O gráfico abaixo mostra o progresso da cárie na Grécia de 2300 a.C. a 1900 d.C.

Os índices de cárie eram muito baixos. Porém o grande “boom” veio com a industrialização do açúcar, a partir do século XVI. Em 1641 a primeira fábrica de açúcar foi construída nas “Índias Britânicas Ocidentais”. Inicialmente os alimentos açucarados eram luxos de ricos. Sem dúvida, até 1850 houve mudança nas leis que regiam as importações de trigo e açúcar, o que resultou numa rápida mudança de dieta, no sentido de um maior consumo de açúcar e produtos de trigo refinados por todos os setores da população. A experiência de cárie na Inglaterra aumentou rapidamente depois de 1850, como demonstram os estudos de dentições de crânios, de antes e de depois desta fase. As mudanças de padrão de alimentação verificadas durante os séculos XVIII e XIX culminaram numa grande explosão de cárie dentária da população mundial.

O que podemos tirar disso?

Em primeiro lugar, trabalhar o paladar da criança, evitando ao máximo a introdução do açúcar. Os sucos não devem ser adoçados em sua maioria. Hoje os nutricionistas pedem para darmos preferência à fruta em relação ao suco.  E o café sem açúcar, tem um paladar específico do mesmo. Até a limonada, se diluída de forma correta, atende aos paladares mais exóticos. O fato é que para quem já conhece bem o açúcar e gosta do mesmo, acha sem sentido esses alimentos sem doce. Mas a busca é esta.

O excesso do açúcar é responsável pela obesidade, cardiopatia, diabetes, hipertensão, acne, cárie dentária, entre outros.

E o que desejamos é oferecer o melhor caminho para nossos filhos.

Porém, por mais que controlemos, chegará o dia em que irão para a escola e terão contato com as coisas que o mundo oferece. Você não vai conseguir evitar que seu filho um dia prove o açúcar. E provavelmente ele vai gostar do mesmo. Mas o seu paladar já estará apurado para outros sabores, livres do açúcar!

E daqui vamos partir para o “uso inteligente do açúcar”, assunto do próximo post!

*Neste texto, o açúcar em questão é a sacarose, o mesmo do açúcar refinado, do açúcar cristal, do açúcar mascavo, do açúcar orgânico e também do mel.