Durante o desenvolvimento de linguagem da criança, não é incomum, de uma hora para outra, escutarmos daquele pequenino falante, uma fala diferente do que estávamos acostumados. A presença de repetição de sílabas e palavras, as hesitações na fala, os bloqueios, os prolongamentos de sons e até movimentos associados (piscar os olhos, por a mão na boca, aumentar a intensidade da voz nos momentos “quando a fala não sai”) gera nos pais medo e ansiedade: será que meu filho é gago? É normal? Vai passar? Quando? Até que idade posso esperar?

A disfluência normal da infância pode acontecer com qualquer criança durante o desenvolvimento da fala, principalmente nas fases de maior crescimento de vocabulário e complexidade de frases. É comum surgirem os sintomas acima de um dia para o outro. Da mesma forma que se iniciam, esses sintomas também podem desaparecer. O importante é como nós, pais, professores, avós, babás, irmãos e pessoas que convivem com as crianças nesse período, agimos e reagimos à criança.

Alguns pontos fundamentais devem ser levados em consideração:

:: como o próprio nome diz, essa disfluência é normal, 80% das crianças que passam por ela a vencem espontaneamente e um dia, como num passe de mágica, acordam falando fluentemente de novo. O que NÃO deve ser feito nessa fase é tentar ajudar a criança a falar, completando frases e palavras para ela, pedindo-a para falar mais devagar ou respirar antes de falar, demonstrando ansiedade e sofrimento nos momentos de disfluência e corrigindo-a.

:: a presença dos sintomas citados não deve ultrapassar seis meses. Quando duram esse tempo, e não desaparecem espontaneamente, o tratamento fonoaudiológico deve ser iniciado. Quanto mais cedo se começa, melhor é o resultado.

:: não existe uma idade até a qual as crianças podem apresentar as disfluências. O fundamental aqui é há quanto tempo elas estão ocorrendo.

:: geralmente, os meninos tendem a permanecer nesses sintomas mais do que as meninas, podendo vir a desenvolver a gagueira, ou seja, “a disfluência em sua forma mais crônica”.

:: a presença de história familiar próxima de gagueira também pode ser um fator de risco para a permanência dos sintomas (pais, avós ou irmãos gagos).

O que fazer então?

:: O ideal é procurar um fonoaudiólogo tão logo surjam os sintomas para que a família seja orientada corretamente e a criança seja acompanhada de perto.

:: Procurar não demonstrar ansiedade para a criança e observar a evolução da fala e mudança de sintomas.

Por Roberta Costa Lucas Ferreira
É mãe três vezes, fonoaudi;ologa – pelo Izabela Hendrix, especialista em motricidade oral e audiologia, com aperfeiçoamento em gagueira (CRFa 0541)